A MULHER NEGRA E SEU ESPAÇO NA MODA
modagoiana,Modelosgoianas, modafashion, Porangatu, Goiania, RiofashionWeek
Solange Knowles por Julia Noni |
por Karoline Gomes
Há anos as mulheres negras têm sido excluídas dos editoriais e passarelas de moda e beleza, e consequentemente é muito difícil encontrarmos inspirações que de fato traduzam o que procuramos e que não nos tirem nossa identidade.
Para piorar a visão da mulher negra dentro do mundo fashion, em consequência do domínio de estilistas brancos nas passarelas e no comando das marcas, e é claro, o fato de tudo ser vendido dentro dos padrões eurocêntricos cultivados pela sociedade como o que é bonito e aceitável, a nossa cor e nosso cabelo são cada vez mais excluídos. Modelos brancas representam as mulheres brancas, em tutoriais de cabelo e maquiagem, mas pouco há para as negras, e quando há, com pouco destaque.
Um exemplo de como a pele negra é naturalmente menosprezada aconteceu esta semana, a Revista americana Cosmopolitan, decidiu listar tendências aceitáveis e não aceitáveis em 2015, chamando as primeiras de “Hello, gorgeous” (que seria “Olá, maravilhosa”) e “To die” (que seria uma tendência “para morrer”). “Coincidentemente”, todas as tendências listadas no lado negativo da lista, eram usadas por mulheres negras.
Mesmo no Brasil, onde se clama tolerância e diversidade, as modelos mais famosas internacionalmente são brancas. Claro que tivemos bons exemplos de representatividade nas passarelas, Naomi Campbell, Alek Wek e Tyra Banks são incrivelmente bem sucedidas e referências desde os anos 90, quando começaram a trabalhar. E no Brasil, as gêmeas brasileiras Suzane e Suzana Massena têm conquistado cada vez mais espaço nas passarelas. Ao contrário das mais velhas, elas não alisaram ou rasparam o cabelo para desfilar.
Mas ainda não dá para ter uma visão positiva, considerando o tanto a caminhar e barreiras de preconceito a se quebrar, desde os ateliês e desfiles, até as revistas e marcas de roupas que falham na pesquisa sobre referências africanas e vendem se apropriando de cultura. A maioria sem usar mulheres negras para estampar os editoriais, sejam eles temáticos, sejam eles “mistos”.
Ainda bem não nos deixamos ser reduzidas em meio a cultura. Para as mulheres negras, se a moda não as representa, elas representam a todas as outras com a moda delas.
Depois de descobrir, aceitar e me identificar com minhas raízes, comecei a procurar outras referências, e percebi que não eram só minhas. São mulheres jovens, mas comprometidas com sua identidade, corpo e mensagens que querem passar, para inúmeros seguidores que também se inspiram nelas. Elas têm usado a moda como seu espaço de trabalho, passando por cima de regras sobre cabelo ou “cores que combinam com seu tom de pele”, e sem pedir licença.
Para elas não precisa ter corpo, cor, nem cabelo de modelo para ter seu lugar no mercado da moda, elas desfilam, inspiram e também comandam! E é claro que tanto poder assim merece uma lista de inspiração:
TK Wonder e Cipriana Quann
Julia Noni
De parecidas com as Olsen, só o fato de serem gêmeas. TK Wonder e Cipriana Quan são nascidas no Brooklyn, Nova York, Estados Unidos e ficaram conhecidas na internet por seus estilos autênticos, que seguem tendências sem perder personalidade e referências afro em estampas e cortes. Elas servem cores vibrantes, sobriedade, ou estampas étnicas, sempre com combinações incríveis e muita atitude em todos os looks.
E as meninas são ocupadas, TK é produtora musical e co-fundadora do Urban Bush Babes. Já Cipriana ganhou o título de “Vogue’s Best Dressed 2015” por causa de seu estilo pessoal.
Julia Noni |
Ela mesma, a irmã da musa da música Beyoncé, que você já deve ter ouvido falar por causa do casamento super elegante e inovador ou por ter brigado feio com o cunhado Jay-Z no ano passado.
Nós da Ovelha preferimos lembrar dela pela incrível artista que ela é, cantando, dançando e se apresentando de um jeito só dela, esbanjando personalidade e talento… Além de seu estilo, é claro, cheio de cores e estampas bem alegres, tudo sem perder a elegância de uma mulher adulta.
Julia Noni |
Sou muito fã da Beyoncé, mas confesso que quando o assunto é moda, eu pesquiso por Solange na família Knowles.
Rihanna
Divulgação |
Todo mundo conhece a Bad Girl Riri como ela mesma se apelida por suas músicas e voz marcantes, mas já listamos os grandes feitos dessa mulher ultimamente? Ela é diretora criativa da Puma, tem uma linha de produtos da Mac inspirados em sua beleza AND, é a primeira mulher negra a estampar uma campanha de cosméticos da marca Dior. Esse ano Rihanna ainda estreia dublagem e trilha sonora do filme Home da DreamWorks, o que não tem muito a ver com moda em si, mas nos anima bastante!
Divulgação |
Riri saiu de Barbados para fazer tudo isso sem perder um pingo da sua pose confiante, personalidade forte e misturando com a meiguice de sua beleza natural.